Cães abandonados em Viçosa expõem falhas do poder público

Por: Beatriz Schuab, Julia Vargas, Maria Vitória Gervásio, Maria Alice Sarmento, Wallace Dias.

Edição: Beatriz Schuab e Vittor Oliveira.

Sem um lar e sem dono, essa é uma realidade observada nos cães quando se anda pelas ruas de Viçosa. Eles sofrem maus tratos, passam fome e estão expostos a diversos tipos de doenças.

Foto: acervo pessoal.
Cachorro abandonado na porta do Restaurante Universitário da UFV.
Foto: acervo pessoal.
Cachorro abandonado na porta do Restaurante Universitário da UFV.

Existe um número preocupante de animais abandonados na cidade, sofrendo com falta de alimento, agressões e risco de contaminação por doenças. Mas os problemas são vários. A superlotação é comum porque moradores de cidades vizinhas soltam animais no município. Algumas áreas ficaram conhecidas por abrigar cães em situação de rua.

Os cães, assim como outros animais, podem atacar, causando insegurança aos moradores, como na Praça do Rosário, no centro da cidade. Apesar de ser uma questão conhecida das autoridades e da comunidade acadêmica da UFV (Universidade Federal de Viçosa), a situação segue sem solução.

A viçosense e estudante Amanda Barbosa, 19, já foi vítima de ataque canino. Ela tentava ajudar um animal quando foi mordida na mão e no pé, correndo risco de contrair raiva. O caso dela é um entre vários que evidenciam a falta de políticas públicas voltadas à causa animal.

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Ataques a moradores se tornaram comuns. Pedestres e motociclistas relatam perseguições frequentes por matilhas, que também dificultam o tráfego de veículos. Além disso, esses cães estão expostos a doenças infecciosas, zoonoses, lesões de brigas e atropelamentos. A ausência de políticas de castração em massa aumenta o número de animais nas ruas e o risco de tumores e doenças contagiosas evitáveis.

Questão de saúde pública

Na audiência pública realizada em maio na Câmara Municipal de Viçosa, discutiu-se a criação do Centro de Zoonoses, destinado à fiscalização, vigilância e controle de animais que possam transmitir doenças como raiva e febre maculosa.

A vereadora do PSC, Marly Coelho, reforçou que:

“O centro é responsabilidade do poder executivo e está sob a Secretaria de Saúde.”

Enquanto protetora e parlamentar da causa animal, Marly deseja a conclusão do centro, que atualmente está inacabado.

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Como solucionar o problema?

Sobre a criação de canis e abrigos municipais, Marly destacou que esses locais não resolvem o problema e podem gerar acomodação na sociedade. Segundo ela, é fundamental conscientizar os donos sobre cuidados com os animais e o destino adequado dos filhotes. A vereadora também comenta sobre a falta de verba pública e o papel das doações e campanhas para manter despesas com animais, principalmente no pós-operatório.

Giovanna Almeida, 19, voluntária na OSC Causa Animal, relatou como entrou em contato com a presidente da ONG, Danuse, para oferecer ajuda.

Ela destaca que:

“O apoio a ONGs de proteção animal em Viçosa é limitado. Os animais resgatados geralmente estão em situação de extrema vulnerabilidade. Apesar disso, as organizações locais estão abertas a receber voluntários que possam oferecer lares temporários.”

Foto: acervo pessoal.
Cachorro abandonado dormindo em frente ao Pavilhão de Aula A na UFV.
Foto: acervo pessoal.
Cachorro abandonado dormindo em frente ao Pavilhão de Aula A na UFV.

O contexto evidencia a importância de políticas públicas eficazes e da pressão popular para que a causa animal seja tratada com responsabilidade. O abandono de cães em Viçosa continua sendo uma preocupação da sociedade, e é urgente buscar soluções concretas.


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