O Maracatu como expressão cultural

por Hallyson Venancio e Daniela Moura

O maracatu, manifestação afro-brasileira de Pernambuco, é herança das tradições negras das periferias urbanas. Seus cortejos lembram reis africanos, carregam calungas e vibram no ritmo único do baque virado. Mais que folclore, o maracatu é símbolo de luta contra o silenciamento e o racismo.
Durante a escravidão, senhores de engenho permitiam os “ensaios carnavalescos” como forma de controle. Mas, nos bastidores, os africanos cultuavam orixás e mantinham viva a religiosidade de matriz africana, como o candomblé, então proibido.

O registro mais antigo do maracatu data do século XVIII. Na época, a Polícia Militar de Pernambuco reprimia apresentações por vê-las como cultos ilegais. Mesmo com séculos de perseguição, a tradição resistiu. Hoje, é reconhecida como símbolo da cultura pernambucana e afro-brasileira. Muitos grupos mantêm vínculos com terreiros de candomblé e casas de jurema. Rezas, banhos de ervas e rituais ainda acompanham os ensaios.

O Bloco Viçosa: maracatu na universidade

Desde 2006, o Bloco Viçosa transforma o maracatu em aprendizado e convivência na UFV. O grupo reúne estudantes, professores, servidores e moradores da cidade. Nos encontros, há aulas de instrumentos, como alfaias, caixas, gonguês e mineiros e debates sobre a importância da cultura negra na identidade brasileira. Além dos ensaios, O Bloco organiza oficinas, apresentações e ações de extensão.

“O maracatu é uma memória viva de resistência. Estar no bloco é manter viva uma ancestralidade muitas vezes silenciada”, diz Isabela Azevedo, integrante do grupo.

Imagem: Casa da Paz, onde ocorre as oficinas/por Daniele Farias

Desafios para manter o som vivo

Sem fins lucrativos, O Bloco enfrenta dificuldades financeiras. Os instrumentos sofrem com o tempo e com a falta de espaço adequado. Segundo Isabela, infiltrações e mofo já danificaram alfaias e obrigaram o grupo a mudar de local diversas vezes.

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