Viçosa é a cidade mais vertical de Minas Gerais, e a sexta maior do Brasil.
Não é difícil perceber o crescimento do número de prédios em Viçosa, basta dar um passeio pelas ruas da cidade. A paisagem, outrora definida pela atmosfera rural e pela arquitetura da Universidade Federal de Viçosa, agora é marcada por prédios altos e edifícios grandiosos. Mas como esse processo de verticalização foi construído?
A verticalização é um fenômeno diretamente ligado à urbanização de uma cidade, que consiste na construção de grandes prédios resultando no aumento populacional da cidade. Segundo o Censo 2022, e dados divulgados pelo IBGE, Viçosa já é considerada a 6ª cidade com maior proporção de moradores em edifícios em relação ao total de habitantes. A cidade possui mais de 40 mil pessoas morando em casas e, aproximadamente, 31 mil morando em prédios, sendo classificada como a cidade mais vertical de Minas Gerais.
O processo de verticalização de Viçosa está intrinsecamente ligado à expansão da Universidade Federal da cidade. O Centro tem a maior demanda por novos moradores, entre eles estudantes, professores e servidores técnicos, tanto pela sua proximidade com a UFV quanto pela maior infraestrutura.
O grande boom da verticalização se deu na virada do milênio, com o início das primeiras torres no Centro e na aprovação do Plano Diretor.

“A verticalização está muito associada ao próprio crescimento urbano da cidade. A gente tem aqui, falando novamente de polos de atração, que seria a UFV. Então a UFV, sim, foi um atrativo para que a cidade se desenvolvesse, inclusive do ponto de vista da verticalização, a construção de edifícios residenciais de múltiplos pavimentos”, explica Gerusa Coelho, arquiteta e urbanista, especialista na área de Engenharia de Construção pela Universidade Federal de Viçosa.
A região central de Viçosa conta com 23.887 apartamentos, mas uma taxa de 35,8% de verticalização. Isso por conta do grande número de domicílios totais, incluindo casas térreas e edificações horizontais antigas, o que reduz o percentual relativo de apartamentos.
Para Gerusa, o grande problema não é a verticalização em si, e sim, a infraestrutura da cidade:
“Tem vários pensadores que defendem a verticalização, outros que não, que consideram a ocupação com menos impacto melhor, até em termos ambientais, por exemplo, insolação, ventilação natural, iluminação natural, ventilação natural… Mas novamente é o que eu falo, o problema não é o prédio ser alto, o problema é que a rua é muito estreita. Então é esse tipo de estudo que deveria ser feito, então o problema por si só de verticalização não é o caso”, expõe Gerusa.
É interessante notar também quais são os apartamentos que são mais construídos em Viçosa. Na região central, local mais procurado pelos universitários, a preferência passou a ser por apartamentos quarto/sala e quitinetes.
E como melhorar? Para Gerusa, o planejamento a longo prazo é importante: “Resolver nunca se resolve. A cidade é mutante e variável. Hoje era um terreno baldio, amanhã já começou uma obra, dois anos depois já tem gente morando e assim vai. Mas o planejamento a longo prazo é importante. Ver o que as outras cidades fizeram de bom e tentar copiar. Por que não? Então eu acho que a gestão tem um desafio enorme”.
“Então, a solução deveria manter, na minha opinião, permanecer as verticalizações, mas descentralizar… Assim como acontece em São Paulo. Em São Paulo, a gente tem a subprefeitura tal, o subprefeito… Então, começar a descentralizar tanto a gestão da cidade quanto também essa prestação de serviços”, conclui Gerusa.
Por: Ana Clara Araújo, Caio Pereira, Geovana Cassamali, Luisa Serrano e Luiz Fernando Reis.